domingo, 20 de março de 2011

Um navio

Imagine que você está à beira-mar e você vê um navio partindo
Você fica olhando, enquanto ele vai se afastando e afastando, cada vez mais longe
Até que finalmente aparece apenas um ponto no horizonte
Lá onde o mar e o céu se encontram
E você diz: "Pronto, ele se foi"

Foi aonde? Foi a um lugar que sua vista não alcança
Só isto
Ele continua grande
Tão bonito e tão importante como era quando estava com você
A dimensão diminuída está em você, não nele
E naquele exato momento em que você está dizendo "ele se foi", há outros olhos vendo-o aproximar-se, outras vozes exclamando em júbilo:
"Ele está chegando"


Rabino Henry Sobel

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pode ir, José

"Para as mães, pais e todos os amigos do nosso José,

Há pouco completaram-se 24 horas do momento nosso José foi embora. Às seis da tarde, horário dos anjos, ele partiu. Quero contar para voces como foi, para aquecer o coração. Foi acompanhado por mim e pelo pai. Morreu no meu colo, com minha mão sob seu peito, eu sentindo cada batida do seu coraçãozinho, o pai segurando sua mãozinha e com o calor do meu corpo esquentando o seu tão debilitado corpinho.  Foi com muito respeito, dignidade, e muito, muito amor. Fui conversando com ele, falando coisas boas, falando sobre esta viagem que ele ia fazer. Pedi para que ele procurasse os amigos do plano espiritual, os mesmos que o ajudaram a chegar, pois certamente estariam ali para levá-lo para a luz. Com a mesma energia de amor e paz que chegou, que foi parido, José foi embora.  Meu bebê estava muito cansado. Todas as mães conhecem seus bebês, e quando cheguei ontem ao hospital logo entendi o recado que ele estava dando, ele estava dizendo que cansou, que não queria mais lutar, não queria mais ficar, que tinha terminado seu período aqui com a gente.  Ele falou pelos poros, pela pele, mais claro do que com palavras. Mas eu entendi e Lufe também. Não deixou dúvidas. Pediu para ir. Pedi para os médicos que respeitassem o bebê, que não segurarem além da conta aquele menino que estava tentando partir. Eles já vinham sinalizando isso e foi uma decisão conjunta. Falamos para colocarem no nosso colo. Fomos muito respeitados e tivemos o privilégio de nos despedir do nosso filho com privacidade, calma e tranquilidade. . Foi batizado ali mesmo.

Primeiro, Lufe pegou no colo, pela primeira vez, e conversou muito, beijou muito nosso nenezinho. Quando veio para mim, abracei e disse: pode descansar, José, aqui no colo da sua mamãe. E assim foi. Ele foi se desconectando devagar, no tempo dele. Dizíamos simplesmente eu te amo, e sinto muito por tudo isso. Lufe falava sobre como ele poderia se tornar um anjinho e vir cuidar do Pedro, seu irmão que também o amava muito.  A gente agradeceu cada minuto que ele viveu aqui com a gente, agradecemos todo o esforço e sua  luta pela vida, que nos trouxe tantos ensinamentos.  Claro que eu queria fazer muito mais pelo meu filho. Nunca dei um banho nem troquei uma fralda. Mas dar o colo e o todo meu amor na hora de ir embora foi o que eu pude fazer e tenho certeza que desta forma ajudei esta alma a ter uma passagem sem medo. Da mesma forma que chamamos e pedimos com todo o amor para ele nascer, também me entreguei na hora que ele foi. O adeus foi um parto às avessas, como me ensinou a Fabiola. Depois que ele faleceu, eu mesma tirei o respirador, os esparadrapos, coloquei a roupinha, pela primeira e única vez. Amei tanto nestes doze dias que valeram mais do que uma vida toda. Foi um adeus humanizado, depois de um parto muito humanizado.

Pedro, meu filho mais velho, gosta muito de uma música que ele chama de “sem a tua”. Ela diz assim “como pode um peixe vivo viver fora da agua fria... como poderei viver sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia”. Hoje esta é minha dúvida. Não sei como vou viver sem esta companhia que foi tão intensa, tão presente, tão forte em nossas vidas. Meus planos para 2011 eram apenas curtir a maternidade. Agora tenho um vazio sem fim para preencher.  Olho em volta e vejo um berço sem dono, um leite escorrendo sem criança pra mamar e uma mãe tão pronta, sem bebê.

Tenho que continuar respirando, comendo, dormindo, pensando, sorrindo, mesmo sem ter a menor vontade. As pessoas me dizem “o Pedro precisa de você”. Acho que hoje eu preciso mais dele. É dele que virá a energia vital para encher nossos corações, meu, do pai, dos avós. E temos uns aos outros também. Lufe se segura em mim, eu nele, e assim a gente fica em pé por um pouco mais de tempo.

Ainda é muito cedo para tentar entender ou aceitar qualquer coisa.  Nem bem aceitei que ele nasceu e ele já morreu, é tão estranho. Por enquanto, continuo me sentindo muito grata ao José por ter nos ensinado tanto. Por ter me tornado uma mãe melhor, uma mulher melhor, por entender muito mais do sofrimento humano. Não há arrependimentos, não há culpas nem culpados, nem doenças, nem porquês. Apenas o destino dele, a história dele, a nossa.

Somos todos uma única energia e certamente encontrarei José de novo, em algum momento, em algum lugar. Sempre vou amá-lo, sempre será nosso filho. Ir ao enterro do meu filho hoje foi a coisa mais difícil que fiz na vida. Viver depois disso será a segunda coisa mais difícil.

E temos muita luz emanando, em meio a tanta dor. Sinto que estamos em paz. Muitas mensagens lindas que recebemos das maternas, dos amigos, da família. Muita força, muita oração. Muita gente vibrando e orando pela passagem do José Luis. Mais uma vez, tenho que dizer que nos emocionamos demais, nossa pequena família, com tanta solidariedade e com a mobilização tão verdadeira e tão intensa em torno da trajetória do nosso filho. Sou muito, muito grata por cada palavra que recebi. Me acalenta o coração sabermos que fizemos a diferença para algumas mães, que refletiram e se aconchegaram mais com seus bebês, valorizando momentos preciosos da vida. Muitas acabaram por agradecer as noites mal dormidas, o cansaço e a as dificuldades típicas do pós-parto e da maternagem, ao invés de lamentá-las. Amigos que disseram coisas tão fortes, tão importantes. Agradecemos muito, mesmo, por termos pessoas tão queridas ao nosso redor.

Nossa casa está cheia de flores brancas. Fomos de branco ao enterro hoje, talvez recebemos a mensagem telepaticamente. Ao fechar os olhos, a cada instante, entoo o mantra da compaixão e imagino uma luz branca. É isso que posso fazer agora pelo meu filho e por todos nós, pedir a compaixão.

Uma semana antes do nascimento, escrevi a carta “Pode vir, José”. Pode vir, José foi dito do fundo da minha alma. Assim como hoje eu tinha de escrever esta. Escrevendo me liberto, liberto a ele e a vocês também.

Pode ir, José. 
Pode ir, José. Porque eu te amo, agora e sempre.
Camila"

Oração de uma materna

"luz que ilumina
que nos envolve
que nos alimenta
coração
ação de cor
um colorido de amor
um bando de olhares maternos
pulsando junto
por ondas internéticas
corações desconhecidos
calor sentido nas teclas frias
pela tela iluminada
mães
de mãos dadas
nos abracemos
em silêncio
"

Enviado por: "barbara" babimsaraujo@yahoo.com.br   babimsaraujo

quarta-feira, 16 de março de 2011

Hoje, uma estrela a mais no céu

O nosso bebê José seguiu o caminho da luz.
De todo o coração, nosso carinho para a família e nossas orações para o José seguir com o seu anjinho da guarda com muita paz e tranquilidade de que sua missão na Terra foi cumprida. Para todos nós ficam as lições o amor e união.
José, uma parte de cada uma de nós, essa enorme família que você conquistou, vai junto com você. Nossos pensamentos estão com a sua família. Nosso coração dói e nossos olhos estão marejados. Sem nunca tê-lo visto, o amamos como se fosse parte da nossa carne.
Sua vida foi um sonho e uma lição.
Fique com o amor de todos nós.




Com amor,
da amiga
Lu Motta

terça-feira, 15 de março de 2011

Segunda, 14 de março - 10 dias

"Hoje foi um dia de grandes passos para o pequeno José. Ele saiu do coma induzido, deixou as drogas pesadas e aos poucos vai voltando para o mundo. Ainda não apresentou nenhum movimento nem abriu os olhos, mas já está sem crises, o que é ótimo. Infelizmente está no jejum, as drogas impossibilitaram receber o leite materno, mas em alguns dias deve retomar e por isso eu continuo ordenhando. Hoje a tarde esteve com Dr Vera, ela é muito legal, gostei muito. Avaliou o prontuário mas nao pode fazer avaliação clinica no José pois ainda ele esta muito sedado e nao tem reações. O diagnostico de anoxia esta correto, todos os exames (tomo) deixam isso evidente. Ainda é muito cedo para avaliar os danos neurológicos. Primeiro ele precisa melhorar a condição clinica, ver como ele responde para depois tirar respirador e aí com calma ir fazendo os estímulos. Ela esperava uma tomo pior. Vão continuar antibióticos por mais 14 dias ainda, mas isso é o de menos no quadro dele, pois é meio que uma precaução. Ela disse que a conduta aqui foi toda correta, apenas talvez a forma de falar e colocar as coisas para nos e que nao foi legal. Pintaram o pior cenário, pode nao ser tão ruim. Ela vai voltar 4a feira para analisar clinicamente, pois ela disse que muitas vezes exame é ruim mas a criança responde melhor ou vice versa. Agora temos que manter a esperança e a Fe que corpo dele vai responder bem e mostrar melhoras clinicas a cada hora. Ele é forte, nasceu a termo, tem tudo para responder bem e ficar sem crises e passar a querer respirar e viver como um recém-nascido saudável, é isso que mentalizo e que estou pedindo e sinto que já estamos recebendo. Hoje ele completou dez dias de vida e não está mais correndo tanto risco, embora o quadro ainda seja grave, ele já está dando pequenos sinais de melhora. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mais uns 20 dias de UTI, e isso é bem exaustivo, mas a gente aguenta, se ele aguenta, a gente aguenta também!! Bjs Camila"

domingo, 13 de março de 2011

Domingo, 13 de março - Camila fala conosco

"Querida Anna, vou responder no seu mas te peço a gentileza de

encaminhar para a lista, será impossível responder para todas pois

estou no samaritano e vou ficar ate meia hora por conta da coleta do

leite. Meu iPhone é ótimo pois me permite a leitura de todas as

mensagens aqui e eu me acalento com cada uma. Hoje de manha, em um

horario em que a UTI estava tranqüila, sentei ao lado do leito do José

e, segurando na mãozinha dele como sempre faço, fechei os olhos e

imaginei uma grande roda ao redor do bercinho. Imaginei todas as

maternas e fui falando os nomes das que me escreveram, pois nao

conheço os rostos. Todas de mãos dadas, vibrando positivamente por

ele. Imaginei muita luz e o amor saindo do coração de todas estas

mães! Desde ontem José tem recebido meu leite e quando

estou ordenhando mando todo meu amor, minha cura e minha esperança no

leite que será dado por sonda. Sonho com o dia em que ele poderá mamar

no peito e dormir no colo. Tenho cantado mantras para ele e leio um

livrinho que escrevi durante a gestação, contando da evolução dele na

minha barriga a cada semana. Mãe escritora é assim, ou está lendo, ou

está escrevendo. Para mim, alivia a dor e faz as lagrimas saírem.

Reparei, muito surpresa, que ele cresceu! Em meio a tanto sofrimento e

com tantas drogas, o bebe cresceu! Meu filho mais velho, Pedro, me

disse hoje que esta esperando o José. Disse que o viu e que lá onde

ele está tem dois nenes, o José e o Mateus. Ficamos sem palavras, lufe

e eu, pois nunca comentamos com ninguém mas o bebe no leito ao lado do

José chama-se Mateus. Isso me mostra que Pedro o visitou, talvez em

sonho. Me emociona ver como nada sabemos da vida e que temos mesmo que

confiar. Lufe, meu marido, é a prova viva de que homens choram sim, e

muito. Ele chora de saudades e de vontade de segurar o filho. Chora de

pensar na vida tão comprometida que ele pode ter. Eu procuro nao

pensar nisso. Continuo apenas mandando meu amor e dizendo que ele pode

ficar tranquilo que sou sua mãe e estarei sempre ao seu lado, para nao

ter medo. Digo que a vida na terra é boa, nao é isso que ele vê aqui,

todo mundo de branco e tantas maquinas, tem natureza, nosso jardim,

tem nossa casa, nosso cachorro, nossa cama compartilhada. Tem colo e

tem mamá, tem balde pra tomar banho e banho de sol no quintal e tem

cinematerna pra ir no sling em alguns meses. Estes sao meus sonhos

hoje. Embalar, beijar e amamentar meu bebe. Só isso. Ou tudo isso, no

caso dele. Para isso, ele precisa respirar e para isso ele precisa

viver mesmo. E aí já nao é comigo, é com Deus. Então deixemos nas mãos

dele. Amanha ele será avaliado pela Dra vera e vamos rezar para que

ela nos de um fio de esperança. Mais um dia acabou e José esta vivo,

estável e lutando, com seu forte coração, pela sobrevivência. Um beijo

para todas e obrigada do fundo do coração por tudo! Camila"

sábado, 12 de março de 2011

Sexta, 11 de março - Mensagem da Camila

"Queridas maternas,

Não tenho dado noticias para vocês, pois queria apenas escrever
quando tivesse coisas boas a dizer sobre o quadro do José. Mas hoje,
conversando com Ana Cris, percebi que devo contar, mesmo que não
sejam tão boas. Talvez para dividir minha dor. Talvez para
prepara-las, talvez para aumentar a corrente de fé e orações. O
nosso José entrou em crises convulsivas ontem e por isso não pode
nunca receber o leitinho que tirei para ele. As crises aumentaram,
são muitas convulsões, os médicos então aumentaram os remédios
até uma dose cavalar, e hoje ele foi colocado num coma induzido. Meu
coração se aperta tanto quando escrevo estas linhas. Cada dia fica
mais longe a possibilidade dele mamar, de vir pro meu colo e de vir
pra casa. Mas acredito que tudo pode mudar a qualquer momento, e
continuo pedindo por isso.
Hoje eu vivo, ou melhor, sobrevivo, contando os segundos e minutos,
esperando a cada passagem de hora por uma melhora do meu filho. Nas
muitas horas em que circulo que nem um zumbi pelos corredores do
hospital, aguardando acabarem os "procedimentos" para poder ver meu
bebê, leio as mensagens de voces. Elas me dão tanta força, voces
nem imaginam! Tenho que pedir autorização para um segurança na
porta da UTI para poder ver meu filho e só posso tocá-lo quando
permitem. Isso me faz chorar. Daí vou lá fora, rezo, respiro e às
vezes leio os e-mails. Quando acordo e sinto aquela angustia enorme,
sabendo que tudo isso é real e não um pesadelo, o que me dá força
pra sair da cama e ir para o hospital são as mensagens de fé e
esperança desta grande rede solidária que se criou pelo José. Nos
seus sete dias de vida, ele já fez esta coisa linda, que foi
mobilizar tantas mães e tantas pessoas que nem o conhecem, nem me
conhecem, numa força maior de querer bem, de pedir o bem. É
emocionante ver quantas famílias se tocaram com nossa história!
 Hoje temos que continuar mandando luz e pedindo que Deus faça o
melhor pelo meu filho, o que quer que isso seja. Continuo conversando
com ele, tocando minha mão na dele, e amando, amando muito, este ser
tão frágil e ao mesmo tempo tão forte. Ele, mesmo sem respirar ou
abrir os olhos, virou o senhor da minha vida. Por ele existo, por ele
resisto.
Não é nada fácil. Até semana passada eu e José eramos um só,
hoje estamos tão distantes. Tenho o Pedro, que é meu primeiro filho,
que também precisa de mim e abraço ele bem forte naquelas horas em
que a dor é dilacerante. É um buraco maior que eu que se abriu em
meu peito. Neste buraco cabe muita dor, muita tristeza, às vezes
raiva e revolta, às vezes solidão e muito medo. Medo de perder. Medo
de ter um filho que não terá vida. Mas também cabe muito amor e
muita esperança. É muito antagônico neste momento do nascimento, da
chegada da vida, que é sempre de tanta alegria, estarmos vivendo tão
perto da iminência da morte. É isso que assusta, que apavora. E isso
me faz lembrar que a vida é uma piscada. É um sopro. A nossa
existência é apenas o hoje o agora. A sensação de impotência que
estou sentindo, de não poder fazer absolutamente nada, está me
ensinando a aceitar, de uma forma muito dura, que nada está em nossas
mãos. Tudo que eu sonhei e planejei para mim e meu bebê, o
quartinho, as roupinhas, a licença-maternidade, tudo planejado.
Planejar é uma ilusão.
Desejo que voces todas tenham um final de semana muito gostoso com
seus bebes, beijando, abraçando, curtindo cada dobrinha e cada
risadinha É isso a vida. Se tem uma coisa que minha experiência pode
ensinar, é que os filhos não são nossos, a gente só os recebe no
útero, depois alimenta, educa, cria, ama. Mas eles são da vida, de
Deus, do universo. Tem a sua missão que não é a nossa. Então
sejamos gratas por cada segundo em que eles estão conosco.

Obrigada mais uma vez por cada linha, cada oração, cada lagrima
que foi derramada pelo José, com certeza ele está recebendo todo
este amor.

Um beijo grande, Camila"

quinta-feira, 10 de março de 2011

Quinta, 10 de março - mais um dia

O José é um bebê muito forte e corajoso.
Mais do que nunca precisamos vibrar para e por ele.
Hoje às 20h vamos parar alguns minutos e mentalizar muita energia positiva e luz para o José. Todos nós. Juntos.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Mensagem da Camila

Mensagem da Camila para lista Materna_SP

"Queridas maternas, há dois dias choro a perda do meu filho, desde que fomos desenganados pelos médicos na 2a feira. Ontem colocaram ele no meu colo pela primeira vez, com aquele monte de fios e tubos. E tive uma longa conversa com ele. Disse que se ele precisa ir, pode ir. Eu vou morrer junto um pouquinho, mas vou aceitar e entender se esta for sua missão. Também disse que se ele quiser ficar, mesmo que de um jeitinho menos normal do que as outras crianças, com uma dificuldade, vamos aceitá-lo e amá-lo muito. Sempre. Ele já é o nosso filho e sempre será. Me resignei! E hoje quando chego para ve-lo, ele estava se espreguiçando!. Contrariando todas as probabilidades, José começou a se mexer e deixou a equipe medica do samaritano em parafuso. Repetiram os exames de cérebro e quase me mataram de emoção quando afirmaram: aquela nossa conversa de segunda foi por água abaixo, hoje descartamos completamente morte encefálica. José está vivinho da Silva. Claro que ainda temos muito a percorrer. Ele nao respira sozinho ainda, continua entubado, e tem um quadro de convulsões e talvez epilepsia que deixa duvidas enormes. Mas evoluímos! Amanha ele vai receber leite materno por sonda pela primeira vez! Meu leitinho poderoso, com muito amor e muita luz, vai ajudar meu bebe a se recuperar. Ele tem chances reais de vencer esta batalha, meninas. Vamos continuar com a corrente, ele recebe nossas orações e nossa luz. Só tenho a agradecer a Deus por todas as bênçãos que estou recebendo! Agradeço a todas que me mandaram seus votos de fé e força, vocês nem imaginam o quanto me fortalecem. Hoje eu comemorei os primeiros e ainda tímidos movimentos do meu filho, e passei a acreditar ainda mais em milagres! Sonho com o dia em que ele virá para a nossa casa, a casa em que nasceu! Beijos, Camila"

domingo, 6 de março de 2011

Domingo, 06 de março - Boas notícias

Hoje, quando fomos ao hospital ver os pais do José, tinha chegado há pouco uma boa notícia: uma ultrassonografia com resultados positivos para a saúde dele.

Mais uma vitória!

Viva José!

Força para o José

O José esperou o seu tempo na barriga da mamãe. Fez tudo certinho.
Mas, ao nascer, além de todo o desconforto que pode ser encarar este mundão aqui fora, uma força superior colocou mais um desafio no seu caminho.

Estamos aqui, um montão de amigos, torcendo e rezando muito para que o José fique bem. E que continue derramando aquela luz linda que emanava já da barriga de sua mãe.
Sua vida foi muito desejada e muito esperada.

Nos reunimos também online para pedir aos amigos e a todos que cruzem o nosso caminho para mandar vibrações positivas para o José.

Se temos a sensação de impotência por não poder estar o tempo todo ao lado da família e oferecer mais do um abraço, ao mesmo tempo sabemos que no plano espiritual podemos fazer muito juntos. E é por  isso que queremos mobilizar antigos e novos amigos aqui, neste blog e no twitter - @sejafortejose.

Pode vir, José

José é uma criaturinha de luz, que veio para esse planeta mostrar para as pessoas como a vida é delicada e cheia de emoções.

Mas, para apresentá-lo aqui, ninguém melhor que a sua mãe Camila:

"Pode vir, José

Como é emocionante gestar. Ter uma vida dentro de você, crescendo, se formando, se preparando, é muito especial. Pena que muitas mulheres perdem esta grande oportunidade de sentir e se emocionar neste momento tão especial.

Estamos no final da gravidez e já sinto saudades da barriga. Saudades de ter você aqui comigo. Saudades de seus chutinhos, seus movimentos, cotovelo, mãozinha, sua dança tão perfeita e tão única aqui no meu ventre.

Saudades de olhar a barriga crescendo a cada dia, olhar e sentir. Saudades de ser grávida. De ser linda, de ser iluminada, simplesmente por estar levando você.

Sou muito grata a você, por tudo que já me deu antes mesmo de chegar. A força e a coragem para mudar as coisas, para fazer tudo diferente. Hoje já sou outra mulher, já sou outra mãe. Você já me deu a fé de que tudo vai dar certo para nós dois. Para nós quatro.

Como é bom ter você aqui comigo, meu filho, José. Como é bom saber que em breve estará aqui no meu colinho, trazendo sua luz. Vou te dar a luz e você vai nos trazer muita luz também, já traz. Como é lindo ver o Pedro ansioso pela chegada do irmão. Com seu amor inocente, ele já te ama muito. Com seu olhar tão puro, ele te procura, te espera na janela. Como é lindo ver o papai preparando tudo para recebê-lo com um banho de carinho. Como é forte a sensação de que você já está conosco. Já respira comigo, já habita a nossa casa.

Pode vir, José. Que eu estou aqui te esperando. Pode chegar, quando você quiser, como você quiser, que eu vou te ajudar a encontrar o caminho. Durante toda a sua vida, estarei aqui com você, para te dar a mão, para te dar força, para segurar sua pequenina mão. Com muita honra, vou te receber.

Durante a sua chegada a este mundo, estaremos juntos e conectados, faremos tudo juntos. Não há o que temer. Eu tenho a você e a você tem a mim, e juntos somos o mundo inteiro.

Me preparei bastante, respirei, meditei, pratiquei Yoga, conversei com você, escrevi um livrinho para você. Agora, finalmente agora, me sinto pronta. Estou pronta para recebê-lo como meu filho e meu bebê, aquele que me escolheu como sua mãe. Obrigada por ter me escolhido. Pode ter certeza que eu farei de tudo para não decepcioná-lo, jamais.

José, um homem de família. José, o menino que vem para a minha família. Não tinha nome mais perfeito para você. Pode vir, José, que eu já te amo e já te espero há muito tempo.

Mamãe Camila.
28 de fevereiro de 2011."

fonte: http://textosdacamila.blogspot.com/2011/02/gestando.html